7 dicas claras e objetivas para lidar com o endividamento da sua empresa

Nesta publicação, vou dar 7 dicas claras e objetivas de como você, empresário, pode lidar com o endividamento da sua empresa.

São orientações baseadas não apenas no estudo, mas principalmente na nossa experiência de mais de 30 anos no mercado bancário, combatendo o endividamento através de processo judicial mas, principalmente, pela negociação.

Acompanhando esse mercado, percebi que o endividamento sempre foi uma das principais causas (se não a principal) do insucesso de qualquer tipo de negócio.

Em tempos de crise, o endividamento acabou se tornando a estratégia obrigatória para vários segmentos do mercado.

Com faturamento baixo, empréstimos de capital de giro seguram o negócio por um tempo, até que as coisas se ajustem e a empresa volte a faturar como antes.

Ocorre que se isso não for feito de maneira muito bem pensada, com planejamento e controle financeiro, sua empresa pode cair num endividamento descontrolado.

Isso aconteceu com muitas empresas durante a pandemia e segue quebrando o negócio de muitos brasileiros.

Quem acompanha meu conteúdo sabe que não defendo a ideia de fórmulas mágicas que resolvem o problema das dívidas, como se vê muito por aí.

Mas existem algumas orientações de bom senso que precisam ser compartilhadas para o enfrentamento do endividamento empresarial.

Vou compartilhar algumas das nossas orientações, frutos da nossa experiência em lidar com empresas endividadas ao longo dos anos.

Vamos então às 7 dicas para resolver o endividamento da sua empresa!

1. Descubra as causas do endividamento da sua empresa

Dica 1. Descubra as causas do endividamento da sua empresa

Essa dica parece óbvia, mas não é!

O endividamento da empresa muitas vezes está envolvido por uma cortina de fumaça.

Chega um momento que você pergunta para o financeiro, para a contabilidade, para seus gerentes, e ninguém mais sabe dizer porque a empresa está endividada.

Daí, começam a usar o limite do cheque especial e do cartão de crédito para pagar fornecedores e são obrigados a ir ao banco para tentar refinanciar os empréstimos já feitos.

No desespero, a empresa acaba fazendo novos empréstimos de capital de giro para honrar os seus compromissos.

Isso parece familiar para você?

Então, essa dura realidade pode ser reflexo de falta de planejamento.

Por isso essa dica não é óbvia.

2. Repense a gestão financeira e a logística da sua empresa

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Para seguir a dica anterior, você precisa repensar seriamente a gestão financeira e a logística da sua empresa.

Por exemplo, você precisa rever a ineficiência e a falta de controle sobre seu estoque, a falta de registro adequado das suas vendas, os gargalos que fazem sua empresa perder dinheiro sem que você perceba.

Se a situação é caótica, além de implementar práticas de gestão mais eficientes, será interessante contratar uma auditoria para descobrir as causas do endividamento.

Se a sua empresa não tem uma estrutura complexa, faça apenas uma auditoria interna, com a ajuda de seus colaboradores. 

O importante é descobrir o que aconteceu, identificando as causas do endividamento para que o problema não volte a ocorrer no futuro.

3. Renegocie as dívidas com o banco

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Muita gente acredita que nem vale a pena conversar com o gerente do banco, pois eles são instruídos a não renegociar com os devedores. 

Mas isso não corresponde à verdade.

Bancos renegociam dívidas sim, pois o interesse deles é resolver o problema.

Aqui no escritório, já atendemos muitos empresários que, num primeiro momento, sequer tentam renegociar suas dívidas. Daí, se endividam  porque pegam novos empréstimos com juros menores, para pagar dívidas antigas.

O grande problema aqui é que o saldo devedor da empresa vai só crescendo

Com o tempo, uma dívida pequena se torna um monstro impagável e a empresa acaba quebrando.

Lembre-se que com a incidência dos juros compostos cobrados pelos bancos, a dívida cresce num patamar que só aumenta a sensação de impotência da empresa.

Mas o que eu faço, Márcio?

Daí você me pergunta: Márcio, se não for para pegar novos empréstimos, o que eu faço? Paro de pagar as dívidas?

Pois é, parece uma solução bem radical. 

Para muitas empresas, simplesmente deixar de pagar a dívida não soa como uma boa opção.

A empresa precisa do nome limpo na praça.

Além disso, o que acontece se o banco tomar uma medida judicial para cobrar a dívida?

Imagina a dor de cabeça: além de endividado, tem que enfrentar um processo na Justiça. 

Mas existem sim alternativas!

A alternativa está no título desta dica: renegociar a dívida com o seu gerente.

É perfeitamente viável buscar um acordo com o banco.

Você tem pelo menos 3 saídas para renegociar: 

  1. conseguir um bom desconto para o pagamento da dívida à vista; 
  2. conseguir um parcelamento da dívida que caiba no seu bolso; 
  3. conseguir uma carência ou prazo maior para pagar.

Essas são alternativas que podem ser negociadas. 

E sim, os bancos costumam aceitar acordos como estes.

Ainda temos a alternativa da portabilidade

Em último caso, se o banco realmente bater o pé e não quiser renegociar, existe uma outra opção.

A portabilidade da dívida como última saída.

É sempre possível mudar a dívida para uma outra instituição financeira que tenha uma taxa de juros menor e que tenha um perfil de negociação mais flexível

Isso já será suficiente senão para resolver, pelo menos para amenizar o endividamento da sua empresa.

4. Não deixe o banco te intimidar

Não há vergonha nenhuma em dever para o banco.

Se em períodos de estabilidade econômica o endividamento empresarial já é uma situação super comum, inclusive em países de primeiro mundo, o que dizer de um período de crise sem precedentes como o que estamos passando no Brasil?

Por este motivo, você não deve se sentir intimidado a pagar as dívidas de sua empresa. 

Você tem o direito de ao menos negociar condições mais benéficas e que não afetem a saúde financeira dos seus negócios.

Dica importante: demonstre ao banco que você está disposto a quitar a dívida, mas que determinadas condições precisam ser ajustadas previamente para que isso seja feito.

Outra dica importante: sempre recomendamos que você procure um profissional de negociação ou advogado em casos mais complicados.

Por exemplo, se o montante das dívidas é de alto valor, se há vários contratos com o banco, se esses contratos são juridicamente complexos ou ainda se há uma garantia envolvida, como um imóvel.

Um profissional conseguirá analisar os detalhes desses casos mais complexos e encontrar as saídas para estas situações com base em sua experiência e conhecimento.

5. Banco negocia diferente com pessoa jurídica

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Volto a frisar: todo banco está disposto a negociar dívidas de empresas, pois está interessado em resolver a dívida da melhor maneira possível para eles.

E isso requer, muitas vezes, renegociar com o cliente.

No caso das empresas, que costumam ter um perfil de dívida com valores mais altos, isso é ainda mais evidente.

Note que até o perfil do gerente de pessoa jurídica é diferente.

Ele tem maior conhecimento de mercado, dá um tratamento diferenciado ao cliente.

Por outro lado, esse tipo de gerente também está mais preparado para rodadas de negociação.

Por isso, sua empresa também tem que negociar de forma profissional.

É muito importante que você saiba falar a linguagem do banco, que consiga interpretar os sinais e descobrir quais as reais intenções do gerente ao negociar.

Negociação com banco exige muita técnica, principalmente para fugir das inúmeras armadilhas que os bancos podem fazer você cair. 

Aliás, vamos falar dessas armadilhas em nossa próxima dica, mas caso queira saber quais são elas, sugiro a leitura do post “Cuidado com a renegociação das dívidas da sua empresa“.

Pessoa jurídica deve trabalhar com dados objetivos

Justamente por se tratar de uma negociação corporativa, você precisa levar dados objetivos para a negociação. 

Isso ajuda muito a conseguir melhores resultados!

Dados importantes como a atuação da empresa, histórico recente de faturamento, grau de risco do negócio, o nível de endividamento com fornecedores e outras instituições financeiras. 

Lembre-se que você precisa ter tudo isso documentado para levar até o banco.

Por exemplo, digamos que a pandemia tenha afetado o seu negócio.

Demonstre isso, de preferência com números, gráficos e evidências palpáveis.

Os números falam alto nessa hora!

6. Avalie prazo e a incidência de juros

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Outro erro não só das empresas, mas da grande maioria dos devedores: fazer ou refinanciar uma dívida focando apenas no valor das prestações.

O erro é pensar que se a prestação cabe no bolso, posso aceitar o que o banco propôs.

Cuidado! Uma prestação que cabe no seu bolso não é garantia de que a proposta é boa.

Até pode ser, mas é preciso avaliar caso a caso se não há desvantagem para o devedor.

Há dois critérios que precisam ser analisados: juros e prazo de pagamento.

Não adianta pagar uma prestação pequena se ela vai durar muitos anos.

Isso pode comprometer seriamente a margem de lucro do seu negócio no longo prazo.

Matematicamente falando, se você aumenta o prazo do pagamento para ter parcelas menores, a incidência dos juros ao longo do tempo acaba sendo muito maior.

Lembre-se: os juros são o custo do dinheiro ao longo do tempo.

Quanto mais tempo durar o seu empréstimo, mais você estará pagando juros.

Peça várias simulações ao seu gerente antes de se decidir.

Não tenha vergonha de pedir, esse é o trabalho dele.

7. Cuidado com as armadilhas do banco

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Nossa última dica é uma das mais importantes.

Em cada rodada de negociação, o banco vai querer melhorar sua posição.

Essa é uma estratégia muito comum e praticamente todo gerente é instruído a fazer isso.

Ele vai fazer uso de várias armadilhas para melhorar a posição do banco na negociação e piorar a situação da sua empresa.

Negociar com bancos é como um jogo de tabuleiros: se você não sabe o que está fazendo ou joga de forma aleatória, só aumenta as chances do seu oponente.

Vejamos algumas armadilhas.

Armadilha da proposta irrecusável

Não existe proposta irrecusável. Principalmente, se for a primeira feita pelo gerente.

Você não é obrigado a aceitar a primeira proposta mesmo que o gerente disser que ela é definitiva.

É muito tranquilo fazer contrapropostas e começar uma rodada de negociações, até que a situação fique mais vantajosa para sua empresa.

Armadilha da venda casada

Outra armadilha comum é oferecer uma venda casada. 

Junto a um novo contrato de empréstimo, o gerente tenta empurrar um seguro ou um título de capitalização supostamente obrigatórios.

Atenção, pois você não é obrigado a aceitar esses outros produtos.

Armadilha da dívida garantida

Também é comum o gerente propor um refinanciamento com juros mais atrativos se você garantir a dívida com algum bem da sua empresa. 

Ou, o que é ainda pior, garantir a dívida com um bem do seu patrimônio pessoal.

Não recomendo de forma alguma que você coloque bens pessoais para garantir as dívidas da sua empresa.

O banco pode tomar estes bens posteriormente, mesmo que ele seja a casa em que você mora com sua família.

E mesmo que você dê um bem da empresa em garantia, como a imóvel sede da empresa, veículos da sua frota ou um maquinário, é prudente avaliar tecnicamente o contrato em que essa garantia está sendo constituída.

Armadilha da dívida consolidada

Outra armadilha: consolidar várias dívidas em uma só.

Com a desculpa de facilitar a negociação, o gerente propõe reunir todas as dívidas num novo e único contrato.

Por exemplo, quando a empresa tem várias linhas de crédito (cartão de crédito corporativo, empréstimos, financiamentos), cada uma delas é um contrato diferente.

O banco propõe consolidar todas as suas linhas de crédito em um só contrato.

E porque isso pode ser desvantajoso para sua empresa?

Cada contrato tem características próprias.

Algumas dívidas são mais fáceis de negociar, outras nem tanto.

Algumas você pode conseguir bons descontos à vista, outras você pode conseguir um prazo para pagamento ou parcelamento.

Quando o banco consolida as dívidas, há um grande risco de você ter uma única dívida difícil de ser negociada.

É muito comum, por exemplo, que seja imposto ao novo contrato uma garantia, que como foi dito, poderá ser tomada de você caso sua empresa tenha dificuldades no futuro.

Enfim, é preciso estar muito atento a essas armadilhas disfarçadas de vantagens e concessões dadas pelo banco.

Vamos rever todas as dicas para lidar com o endividamento da empresa?

O que você aprendeu nesta publicação:

  1. Descubra as causas do endividamento da sua empresa.
  2. Repense a gestão financeira e a logística da sua empresa.
  3. Renegocie as dívidas com o banco ao invés de fazer novas dívidas para pagar as anteriores.
  4. Não deixe o banco te intimidar: quase sempre há margem para negociação.
  5. Aproveite o fato de que o banco negocia diferente com a pessoa jurídica.
  6. Cuidado com as armadilhas do banco, como as vendas casadas, as dívidas garantidas e as dívidas consolidadas.
  7. Avalie o prazo e a incidência de juros da sua dívida: não basta uma prestação que caiba no seu bolso.

Tem mais dúvidas sobre o endividamento da sua empresa? Entre em contato com a gente!

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