Educação Financeira: como viver de acordo com a sua renda?

Educação financeira é um dos grandes desafios na vida do brasileiro.

Muitas histórias, já conhecidas de todos, demonstram isso.

Quem não conhece a história de alguém que conseguiu um emprego melhor e a primeira coisa que fez foi financiar um carro caro. Acabou anulando o aumento da receita ou se endividando mais por causa da compra impulsiva.

Ou a história do jovem casal que escolhe a casa dos sonhos em um bairro nobre, logo no início da vida em conjunto. Assumem prestações altíssimas , fora da sua realidade,  e já começam a vida de forma desequilibrada.

Tem ainda a do servidor público que, contando com a estabilidade, faz empréstimo atrás de empréstimo sem uma reflexão adequada, comprometendo muitas vezes mais do que todo o seu salário com o pagamento das prestações dessas dívidas.

Perceba que nessas histórias há uma busca por satisfação imediata através do consumo, sem nenhum planejamento. 

Ao não pensar no futuro, muitos acabam pagando um preço alto por esse imediatismo.

Nesta publicação, vou trazer algumas dicas para você escapar dessas armadilhas e colocar suas finanças nos eixos.  E assim conseguir viver de acordo com a sua renda.

O brasileiro precisa urgentemente de educação financeira

Um estudo feito em 2017 pelo DataFolha revelou o quanto o brasileiro precisa urgentemente de educação financeira.

O estudo revela que o brasileiro é imediatista e tem baixíssima tendência à poupança.

Há forte resistência do brasileiro em abrir mão do consumo imediato e acumular recursos para o futuro.

Ocorre que as sucessivas reformas da previdência tornam o futuro da grande maioria dos brasileiros incerto. 

A falta de uma poupança pode comprometer gravemente a qualidade de vida de muitos brasileiros na terceira idade.

Por este motivo, educação financeira deveria estar no currículo das escolas e ser objeto de políticas públicas.

Como saber se meu padrão de vida cabe na minha renda?

Como saber se meu padrão de vida cabe na minha renda?

Identificados estes sinais, você tem a oportunidade de readequar seu estilo de vida.

Melhor fazer isso de forma planejada e de acordo com suas decisões, do que mudar seu padrão de vida repentinamente, forçado pelas dívidas e falta de crédito.

E que sinais são estes?

Não consigo pagar o básico

Você já cortou todos os luxos e despesas supérfluas e ainda assim não consegue pagar as contas do mês sem entrar no cheque especial.

Não posso contar com imprevistos

Não há como pagar nem mesmo pelos pequenos imprevistos. Um vazamento em sua casa que precisa de reparo, uma manutenção no carro, uma cirurgia inesperada são coisas que te tiram a noite de sono, pois não há de onde tirar dinheiro para pagá-los.

Não há perspectivas para começar a poupar

Você tem vários sonhos, mas não vê como começar a poupar dinheiro para realizá-los. Uma viagem, trocar o carro, mudar de casa, fazer uma pós para melhorar a carreira, pagar faculdade para os filhos: nada disso é viável para você nem no curto nem no longo prazo.

Se você se encaixa em uma dessas 3 opções, está na hora de começar a repensar seu estilo de vida e revisar suas finanças.

Vamos a algumas dicas sobre como fazer isso.

Educação financeira: como viver de acordo com sua renda

A expressão “educação financeira” nos remete a duas coisas: (1) aprender a lidar com dinheiro e (2) colocar a mão na massa.

Eu reconheço, aprender a lidar com dinheiro é desafiador. Posso dizer: é simples, mas não é fácil! 

Um bom começo é passar a  levar o assunto a sério. Estudar e acompanhar conteúdos sobre educação financeira vai ajudar muito!

Livros, publicações e canais no youtube sobre o assunto é o que não falta.

Colocar a mão na massa também é importantíssimo. 

Ao revisar suas finanças, você precisará ter um mínimo de organização. 

É necessário anotar todas as suas despesas. Assim você tem como descobrir no que está gastando desnecessariamente e onde pode economizar mais.

O controle das finanças te permitirá descobrir as despesas invisíveis, aqueles gastos que você nem se dá conta do impacto que têm no seu orçamento.

Aprendendo a lidar melhor com o dinheiro e controlando suas finanças, será possível começar a pensar em poupar e investir para o futuro.

Esse também pode ser um bom momento para descobrir novas fontes de renda, que te darão mais segurança financeira e qualidade de vida.

Vamos a algumas dicas de como fazer isso.

1. Planeje suas finanças

Planeje suas finanças

Esse é o primeiro passo para começar a organizar suas finanças e adequar o seu padrão de vida.

Para planejar suas finanças, é fundamental anotar todos os seus gastos. Você precisa saber com precisão aonde está indo o seu dinheiro.

Você pode usar uma planilha ou aplicativos (muitos gratuitos) de controle financeiro.

Ao anotá-los, separe o que é despesa fixa e despesa variável.

Identifique o que pode ser cortado dentre suas despesas.

É mais difícil cortar as despesas fixas (água, luz, telefone), mas ao ter um controle maior, você começa a identificar quais podem ser trocadas por alternativas mais baratas.

É importante você tirar um tempo para verificar o extrato de todas as suas contas e cartões de crédito, no mínimo uma vez por semana.

2. Adeque o seu padrão de vida

Adeque o seu padrão de vida

Uma vez que você organize sua vida financeira, ficará mais fácil adequar o seu padrão de vida.Com o tempo, tendo uma noção mais precisa de seus gastos, você terá condições de traçar metas mais realistas e adequar sua renda ao seu padrão de vida com mais facilidade.

E a ideia é ajustar para baixo, ou seja, não gastar toda sua renda nas despesas do dia a dia.

Só assim você conseguirá construir uma reserva para emergências e investir seu dinheiro para realizar sonhos no futuro.

Esse ajuste poderá exigir alguns sacrifícios. Mas no longo prazo te permitirá realizar sonhos que nunca teria condições, caso continuasse com uma vida financeira bagunçada.

3. Estabeleça metas financeiras

Estabeleça metas financeiras

Estabeleça metas para gastos maiores como a aquisição de um automóvel ou uma casa nova, uma viagem com a família ou o investimento num novo negócio.

Essa é uma dica para você abandonar o hábito do consumo imediato e começar a agir de forma planejada.

Ao invés de comprar ou trocar um carro de imediato, assumindo um financiamento que não caberá no seu bolso, estabeleça essa compra como uma meta para daqui a algum tempo.

Você pode separar o que estava disposto a pagar no financiamento e investir o dinheiro até ter condições de dar uma entrada maior e assumir prestações bem menores. 

Ou quem sabe até comprar o carro à vista!

4. Renegocie suas dívidas

Renegocie suas dívidas

Mas antes de começar a pagá-las, é importante renegociar com os credores condições mais vantajosas.

Com a vida financeira organizada, fica mais fácil fazer contrapropostas que você terá condições de cumprir, até sair completamente das dívidas.

Se você quiser dicas de como renegociar suas dívidas, assista a este vídeo.

Se você é um superendividado e tem dívidas que comprometem boa parte da sua renda, lembre-se que temos a nova Lei do Superendividamento, que pode te ajudar a resolver seu problema.

Neste artigo, eu falo de maneira detalhada sobre como esta Lei pode ajudar os superendividados.

5. Não gaste por impulso

Não gaste por impulso

Para alguns, é difícil controlar o impulso do consumo imediato.

Quando compramos algo por impulso, há um sentimento de que a despesa será inofensiva.

Mas a soma de todos estes impulsos acaba gerando um impacto grande no seu orçamento.

Não gastar por impulso pode ser a diferença entre conseguir economizar para realizar alguma de suas metas maiores ou continuar atolado nas dívidas.

Existem alguns hábitos que você pode construir para fugir dessa tentação.

  • converse com uma pessoa de confiança antes de realizar uma despesa, procurando apoio para não agir por impulso;
  • sempre se pergunte sobre a real necessidade de fazer uma nova despesa;
  • lembre-se de calcular o impacto das compras parceladas no seu orçamento;
  • nunca realize compras quando estiver emocionalmente abalado;
  • cuidado com promoções ou liquidações, pois muitas são apenas armadilhas para pessoas consumistas.

6. Considere o custo indireto de automóveis e imóveis

Considere o custo indireto de automóveis e imóveis

Muita gente, ao comprar um carro, calcula apenas se as prestações do financiamento vão caber no bolso, ignorando os custos indiretos que, no caso dos automóveis, são muitos.

Itens como IPVA, seguro, manutenção preventiva, manutenção imprevista, troca de pneus, lavagem, estacionamento, combustível, depreciação, terão um impacto grande no orçamento, fato ignorado por muitos.

Da mesma forma com imóveis, há custos indiretos ignorados: impostos, taxa de condomínio, risco de manutenção, preço do comércio na região, deslocamento.

Para este tipo de despesa, é importante pesquisar e quantificar os custos indiretos antes de tomar uma decisão.

7. Busque novas formas de renda

Busque novas formas de renda

A ideia aqui é usar o seu tempo livre para gerar novas fontes de renda.

A Internet hoje é fonte de renda extra para muitos que sabem aproveitar algum talento, habilidade ou conhecimento para gerar.

Mas você não precisa ser um youtuber famoso para gerar renda extra.

Uma pesquisa cuidadosa no Google vai te dar muitas dicas do que você pode fazer no seu tempo livre.

Lembre-se que empreender vai depender da sua disposição de usar seu tempo livre para gerar essa renda.

Como isso depende da sua motivação, estabeleça uma meta ambiciosa, como uma viagem, um carro ou uma casa nova e empreenda para gerar a renda necessária para conquistar esse sonho.

Há ainda uma outra maneira de gerar renda, que é fazer seus bens gerarem renda.

Você pode fazer isso vendendo coisas que já não tem uso.

Há muitas plataformas seguras de compra e venda de usados que você pode usar para se desfazer de coisas que você já não usa, mas podem gerar um dinheiro extra.

8. Invista seu dinheiro

Com suas finanças planejadas e seu padrão de vida ajustado, você começará a ter folga para investir seu dinheiro.

Quem investe ganha em várias frentes.

Você pode planejar uma aposentadoria mais generosa, num país em que o futuro da previdência é bastante incerto.

Também pode construir reservas para emergências, que podem acontecer ao longo da vida.

A ideia é realizar seus sonhos sem comprometer seu orçamento.

Tenha em mente alguns princípios de investimento:

  • Visão de longo prazo. Tenha paciência, porque investimentos não vão te dar retorno para o seu consumo imediato. 
  • Invista seu dinheiro de forma recorrente. Separe uma parte da sua renda mensal para investimentos ou você vai acabar gastando seu dinheiro com consumo imediato.
  • Cuidado com as dicas. Sempre tem um amigo ou parente que tem uma  dica “infalível” de uma ação ou um tipo de investimento que vai gerar muito retorno. Você tem que conhecer pelo menos o básico do mercado financeiro para começar a investir. Seja um estudioso de finanças pessoais.
  • Procure um especialista. Há corretores e agências que podem cuidar do seu dinheiro melhor do que o banco. Lembre-se que o banco está mais interessado em vender seus produtos do que gerar retorno para você.
  • Diversifique sua carteira. Não pense em investir seu dinheiro em apenas um ativo financeiro. Ao diversificar, você minimiza os riscos e potencializa seus ganhos.

9. Invista em conhecimento

Invista em conhecimento

Você só conseguirá investir seu dinheiro de maneira segura se começar a entender do assunto.

Entender de investimentos é a melhor maneira de não ficar refém de dicas de amigos ou do gerente do seu banco.

Você não precisa se tornar um especialista, mas tem que entender o básico para não fazer maus negócios com seu dinheiro.

Ao conhecer o mercado de investimentos, você vai se surpreender com quantos ativos financeiros acessíveis existem além das ações na bolsa de valores e dos títulos de capitalização que o gerente do banco vive te oferecendo.

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