Você está endividado? Então você precisa ler este post

O nível de endividamento das famílias brasileiras aumentou com a pandemia.

Na verdade, temos usado a pandemia para justificar muitas coisas. Por isso, gostaria de dividir com você essa reflexão sobre porque as pessoas se endividam e como elas podem sair desse endividamento.

O percentual de famílias brasileiras que estavam endividadas no início da pandemia era de 49%. Dados mais recentes do Banco Central (março/2021) já trazem um percentual de 58%.

Nas séries temporais do Banco Central, a carteira total de capital de giro no Brasil, ou seja, o total de empréstimos de capital de giro para empresas, era de 327 bilhões de reais, em março de 2020.

Dados mais recentes (maio/2021) dão conta de um montante de 445 bilhões de reais, 118 bilhões a mais. E desse total, 19 bilhões estão em atraso.

Estima-se que de 4 a 5 vezes esse valor que está em atraso está sendo pago pelas empresas com bastante dificuldade.

A lógica do crédito bancário

Vamos refletir um pouco sobre a lógica do crédito bancário.

As pessoas físicas normalmente se endividam para ter acesso a um bem de consumo (automóveis e  imóveis são os mais comuns).

Se esse bem de consumo não é algo que você usa no seu trabalho, mas tenha como objetivo apenas gerar um conforto a mais em sua vida, é recomendável que esse dinheiro não faça falta no dia a dia.

Pode até ser o caso do imóvel ser usado para trabalho ou o automóvel para o Uber, por exemplo, gerando uma receita, o que fará mais sentido.

Já as empresas costumam tomar empréstimo para custear o capital de giro ou algum investimento na infraestrutura, com esperança de fazer a empresa gerar mais mais lucro e pagar o empréstimo com sobra.

E por que as pessoas se endividam?

Porque essa lógica do crédito se quebra.

Infelizmente, os grandes bancos (principalmente) não estão preocupados em orientar seus clientes para evitar que essa lógica se quebre e as pessoas se endividem.

O interesse dos bancos é gerar resultados.

Para estes casos, eu costumo invocar um mantra do Direito Bancário, que é o seguinte: “o gerente do banco não é seu amigo!”

Ele é amigo das metas que ele é obrigado a bater. 

Mesmo que ele tenha boa-fé e não esteja ali para enganar o cliente, lembre-se que ele é muito pressionado por toda a estrutura que ele faz parte, para gerar os resultados que o banco busca.

E mesmo que seja um gerente “amigo”, que te atende há muitos anos, tenha certeza que, entre defender o seu interesse e o dele, vai escolher primeiro o dele. 

Tenho que dar uma notícia ruim

O problema é que nós, brasileiros, na média, não temos um bom nível de educação financeira.

Para se endividarem, as pessoas não costumam fazer as contas, ou quando muito verificam apenas se a parcela cabe no orçamento do mês.

Ao se endividarem, muitos se iludem e acreditam que numa renegociação com o gerente vão resolver o problema, mas acabam se afundando cada vez mais.

Quebre essa lógica do endividamento

Quebre a lógica do endividamento

Se você está numa situação de endividamento, o caminho é quebrar essa lógica, seja contando com a ajuda de um profissional, seja pelos seus próprios meios.

Seja de que forma for, entenda que algum “remédio amargo” você terá que tomar. 

Talvez seja o caso de você ficar devendo alguma coisa, o que não significa que você é um caloteiro, como muitos pensam.

Lembre-se que calote tem a ver com má-fé, e estou pressupondo aqui que você quer resolver o problema da melhor maneira possível.

Para tomar essa decisão de deixar uma prestação de lado, você terá que examinar quais serão as consequências e se você conseguirá lidar com elas.

E cuidado: não pode ser uma decisão tomada de qualquer jeito!

Tem muita gente que resolve parar de pagar a prestação do financiamento do imóvel e acaba perdendo o imóvel na Justiça por que faz isso de uma forma desorganizada.

Reorganizando suas dívidas

Você terá certamente que tomar medidas para reorganizar suas finanças, de forma a priorizar aquilo que é essencial.

E não basta pensar apenas no que você está devendo. 

Repense e reorganize as suas despesas, cortando luxos desnecessários e até fazendo sacrifícios. 

Lembre-se que ninguém vai resolver o seu problema (nem o Advogado) se você não fizer a sua parte.

Cuidado com as recomendações do banco

Outra dica importante é tomar cuidado com as recomendações do banco.

Refinanciar a dívida ou dar garantias adicionais (como imóveis, por exemplo) é algo muito sensível.

Pode até ser o caso de ter que resolver um problema dessa forma, mas você precisa de aconselhamento técnico para verificar se isso não vai prejudicar ainda mais a sua situação diante da dívida.