O cronograma do Banco Central prevê o mês de outubro de 2021 como a última das quatro etapas para a implementação do Open Banking no Brasil.
O Open Banking permitirá o compartilhamento de dados, produtos e serviços bancários e financeiros, bem como integrará plataformas e infraestruturas que permitam esse compartilhamento.
Na sistemática atual, estes dados ficam em posse apenas dos bancos com os quais o usuário já tem relacionamento.
Com o Open Banking, estes dados poderão ser compartilhados com outras instituições e prestadores de serviços à escolha dos usuários dos serviços bancários.
Será algo bastante semelhante com o compartilhamento de dados e do histórico de relacionamento em redes sociais.
Um dos objetivos declarados do Banco Central é combater a chamada “assimetria de informações”.
A assimetria de informações
A assimetria acontece quando agentes diferentes detém níveis diferentes de informação.
No Brasil, os 5 maiores bancos (Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander) dominam mais de 80% do mercado de crédito e serviços.
Isto determina que detenham um volume de informações, ou dados, sobre seus clientes muito superior aos demais participantes do mercado. Se os dados são do usuário, a lógica é que os bancos os disponibilizem a quem o usuário determinar.
Daí a noção de Open Banking, ou sistema financeiro aberto, em bom português.
Ao abrirem estas informações, e as compartilharem com quem os titulares autorizarem, o efeito esperado é que se reduza esta assimetria de informações. Ou seja, outros agentes do mercado terão acesso a estes dados e informações.
Na medida em que isso se viabiliza, se espera que o custo dos produtos bancários reduza, e que a qualidade dos serviços prestados aumente.
A lógica do compartilhamento de dados no mercado financeiro
Será possível, por exemplo, fazer cotações de créditos e serviços bancários numa espécie de leilão invertido, onde quem dá menos ganha o usuário.
Os efeitos esperados serão um crédito mais barato e a possibilidade de ofertas de serviços mais customizados.
Se hoje o mais comum é concentrar todos os serviços, investimentos e operações creditícias em uma só instituição, com o Open Banking será possível pulverizar sua carteira.
Por exemplo, você pode ter investimentos em uma fintech, fazer pagamentos pelo PIX num banco tradicional, contrair um empréstimo em uma financeira, ter um cartão de crédito por um banco digital e administrar todas essas informações em uma só plataforma.
Perceba que o efeito da assimetria de informações tende a diminuir à medida em que os usuários começam a buscar novas opções de serviços, produtos ou ofertas de crédito.
De fato, o Open Banking tem o potencial de propiciar melhores produtos e serviços financeiros, aumentando a eficiência e a competitividade no mercado.
Isso vai depender muito da adesão dos usuários aos produtos disponibilizados a partir da lógica do sistema aberto, compartilhando informações para buscar outras opções.
E, claro, da agilidade do Banco Central na condução desse processo, que depende ainda de muitos aspectos regulatórios a serem implementados.